O Brasil vive uma crise econômica que não havia há bastante tempo. Foram anos de combate à inflação, com preços estabilizados e controlados e enriquecimento de muitos setores. Pessoas comuns ficaram milionárias pelos seus méritos. Em momento como esse, é comum que uns avaliem que o momento é de retração e outros que é momento de investir para buscar crescimento. É aquela história do copo meio cheio ou meio vazio.
Pois é, mesmo mergulhado numa crise econômica há muitos anos, não tendo conseguido cumprir um bom papel nos últimos Campeonatos Brasileiros e sofrendo para pagar uma vultosa quantia que deve no mercado, parece que a visão da diretoria é que o copo do Coritiba está meio cheio.
O futebol brasileiro está mudando para melhor. Há uma evolução em termos técnicos e em termos de estruturas. Os melhores jogos são disputados pelos grandes clubes nas novas arenas, com bons gramados, e eles estão conseguindo grandes públicos.
Então, não é à toa e nem de hoje que o clube do Couto Pereira sonha em construir uma nova casa. Esse desejo remonta desde a construção da Arena da Baixada pelo seu arqui-rival. E aumenta ao verificar o crescimento dos demais adversários.
Vejo com bons olhos essa iniciativa. Seria muito bom para o nosso futebol se realmente conseguíssemos ter dois estádios de altíssima qualidade na cidade — ou três caso o Paraná Clube também construísse sua arena. Porém, espero que não seja apenas mais uma fórmula encontrada para enganar a torcida nesse momento de crise técnica e de relacionamento interno que o clube vive.
Agora, por falar em construção e em novos projetos, eu quero voltar um pouco no tempo e rever coisas. Como mudam as relações entre pessoas e instituições. Aquilo que fora impossível em outros tempos — o Coritiba jogar na Arena e o Atlético jogar no Couto Pereira — parece um fato superado. Nem houve choradeira por parte daqueles chatos de plantão que acham que a rivalidade, para ser real, tem de obstruir as mentes. Tais sentimentos pequenos fazem com que grandes oportunidades de negócios sejam desperdiçadas por falta de visão, populismo ou para “jogar para a torcida”.
Não conheço Mario Celso Petraglia pessoalmente, não sou fã de suas ações e tenho muitas reservas quanto ao seu modo de agir com as pessoas. Vejo nele um empresário megalomaníaco. Entretanto, tenho de reconhecer os seus feitos a frente do seu time e a visão futurista.
No entanto, é preciso relembrar que há pouco tempo ele queria a construção de uma arena multiuso para a dupla Atletiba, nos mesmos moldes do estádio San Siro / Giuseppe Meazza — que serviu para auxiliar Internazionale e Milan no seu crescimento em nível mundial. Atualmente, há planos de construção de dois novos estádios, mas Milan e Internazionale dividem a mesma casa há 67 anos. Mas, aqui em Curitiba, quando surgiu a ideia, sem ao menos que as pessoas envolvidas sentassem e discutisse o projeto, ele já foi rechaçado de imediato.
Desconheço o teor do projeto e as cláusulas, mas que a ideia era boa, isso era. Nesse momento, o Coritiba poderia estar apenas pensando em resolver suas pendências financeiras e reconstruir um time de futebol, ao invés de um projeto de tamanho vulto.
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